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O Eneagrama como tradutor nos relacionamentos.

(Como esse sistema de autoconhecimento pode ajudar os casais a entenderem suas diferenças e se comunicarem com mais empatia)
Vivemos na era do amor líquido, onde os laços são frágeis, os encontros cada vez mais imediatos — e os desencontros, quase inevitáveis.
Dados do Registro Civil mostram que em 2022, foram registrados 970 mil casamentos e 420 mil divórcios no Brasil. Houve 1 divórcio para cada 2,3 casamentos. Os dados revelam também que os divórcios têm acontecido mais cedo. Em 2010, 37,4% dos divórcios aconteciam menos de dez anos após o casamento. Em 2022, esse percentual subiu para 47,7%. Isso mostra que os brasileiros têm se divorciado cada vez mais e mais rápido. Mas, será que existe uma alternativa para a construção de relacionamentos mais saudáveis e duradouros?
No início dos relacionamentos, a fase da paixão costuma ser arrebatadora. É quando nos sentimos intensamente conectados ao outro, como se fôssemos um só. As emoções se misturam, os desejos se alinham, e a sensação de intimidade parece absoluta. É quase como se estivéssemos vivendo dentro de um filme romântico em que tudo “parece” fazer sentido — pelo menos por um tempo.
Mas, inevitavelmente, essa fase passa.
E quando isso acontece, a ilusão da fusão emocional começa a se desfazer, dando lugar à realidade: dois indivíduos distintos, com histórias, crenças, sentimentos e padrões de comportamento diferentes. As idealizações cedem espaço às diferenças reais. Aquilo que antes parecia encantador ou irrelevante passa a incomodar ou confundir. E então nos perguntamos: o que aconteceu com aquele amor tão perfeito?
Essa pergunta, muitas vezes, nasce da crença equivocada de que o amor verdadeiro é isento de conflito, mas não é. O amor não é a ausência de diferenças — é a capacidade de enfrentá-las com consciência, respeito e comprometimento. Então, quando a paixão dá lugar à realidade, temos a chance de construir algo mais profundo: a verdadeira intimidade. É nesse estágio que começamos a enxergar o outro como ele é — e a sermos vistos também. E, com isso, nasce um convite ao autoconhecimento, à escuta ativa e ao diálogo honesto. Não sobre a ilusão de completude, mas sobre a aceitação mútua e o desejo de crescer juntos, mesmo com — e por causa das — diferenças.
Cada um de nós tem seus medos, defesas e formas próprias de buscar amor, aceitação, valorização; assim também, cada pessoa tem o seu modo particular de sentir-se amada. Alguém que é predominantemente mental, se relaciona com os outros de um modo diferente de quem é emocional, por exemplo.
O Eneagrama surge como um “tradutor” nos relacionamentos, ajudando na compreensão sobre o jeito único de cada pessoa existir no mundo e, claro, sobre a linguagem de amor de cada um dos tipos de personalidade.Mais do que um sistema de tipos, o Eneagrama é um espelho da alma — e um guia que nos ajuda a reconhecer padrões inconscientes que sabotam nossos vínculos mais profundos e a traçar um caminho para desenvolver aquilo que não está bom e valorizar as virtudes inerentes a cada tipo, como aliadas nesse processo.O Eneagrama nos ajuda a ter consciência de quem somos (de verdade), e isso impacta diretamente na melhora dos nossos relacionamentos, porque o amor não é apenas um sentimento, é ação que nasce de uma escolha (decisão). E escolher tem a ver com consciência.Quando paramos de exigir que o outro “ame como nós”, abrimos espaço para crescer nos relacionamentos, de modo mais consciente e mais intencional. E se amar de verdade é um ato de rebeldia em tempos de vínculos descartáveis, o Eneagrama surge como uma bússola para esse caminho de coragem.